Pacientes do Hospital Central de Nampula denunciam condições precárias de internamento em corredores devido à falta de espaço nas enfermarias. A superlotação, que ultrapassa 150% da capacidade instalada, compromete a qualidade dos cuidados de saúde e expõe vulnerabilidades estruturais do sistema de saúde na província.
“Entenda os desafios estruturais e as consequências para os pacientes”
O Hospital Central de Nampula, principal unidade de saúde de referência da região norte de Moçambique, enfrenta uma crise severa de superlotação que obriga doentes a permanecerem internados nos corredores da instituição. A denúncia, apresentada por pacientes e familiares, expõe as dificuldades estruturais que comprometem a qualidade dos cuidados de saúde prestados numa das maiores unidades hospitalares do país.
A falta de espaço nas enfermarias convencionais força a administração hospitalar a improvisar áreas de internamento em locais inadequados. Corredores que deveriam servir apenas para circulação transformaram-se em enfermarias improvisadas, onde macas e camas ocupam cada centímetro disponível, dificultando a movimentação de profissionais de saúde, pacientes e visitantes.
Hospital Central de Nampula Enfrenta Superlotação com Doentes Internados em Corredores
Doentes internados nos corredores do Hospital Central de Nampula relatam condições precárias que afectam directamente a sua recuperação. A ausência de privacidade, exposição constante ao ruído, ventilação inadequada e dificuldade de acesso a cuidados médicos regulares constituem apenas algumas das queixas registadas por quem atravessa momentos de vulnerabilidade física e emocional.
A situação reflecte desafios sistémicos que ultrapassam a gestão hospitalar local, apontando para questões estruturais do sistema nacional de saúde: insuficiência de infraestruturas hospitalares face ao crescimento demográfico, recursos humanos limitados, equipamentos obsoletos e financiamento inadequado para responder às necessidades crescentes da população.
Familiares de pacientes manifestam preocupação não apenas com as condições de internamento, mas também com riscos sanitários. A concentração excessiva de doentes em espaços confinados aumenta a probabilidade de infecções cruzadas, complica procedimentos de higienização e dificulta o controlo de doenças transmissíveis num ambiente que deveria garantir segurança máxima.
O Hospital Central de Nampula serve uma população de milhões de habitantes da província e regiões circundantes, funcionando como centro de referência para casos complexos que não podem ser resolvidos em unidades sanitárias de níveis inferiores. Esta pressão demográfica, combinada com infraestruturas dimensionadas para capacidades inferiores, gera o colapso visível nas condições actuais de internamento.
Hospital de Nampula: Doentes Internados em Corredores
Os doentes internados nos corredores incluem casos de diversas gravidades, desde situações pós-cirúrgicas aguardando recuperação até pacientes com patologias crónicas necessitando monitorização contínua. A diversidade de condições clínicas num mesmo espaço improvisado complica protocolos de tratamento e aumenta riscos sanitários.
Mulheres em período pós-parto, idosos com mobilidade reduzida, crianças e pacientes com doenças infecciosas partilham frequentemente os mesmos corredores, situação que contraria princípios básicos de segurança hospitalar. A separação adequada por perfis clínicos torna-se impossível quando o espaço disponível é manifestamente insuficiente.
Pacientes provenientes de distritos distantes enfrentam dificuldades acrescidas, pois além das condições precárias de internamento, seus familiares têm dificuldade em prestar apoio regular devido às distâncias e custos de transporte. Muitos permanecem sozinhos nos corredores, sem acompanhamento adequado durante períodos prolongados.
Hospital Central de Nampula enfrenta superlotação com doentes internados em corredores por falta de espaço
A situação do Hospital Central de Nampula não é única em Moçambique ou na região da África Austral. Múltiplos hospitais de referência em países vizinhos enfrentam desafios similares de superlotação, recursos inadequados e infraestruturas insuficientes face às demandas populacionais crescentes.
Comparativamente, hospitais centrais de Maputo também registam problemas de superlotação, embora com maior acesso a recursos e atenção governamental pela proximidade da capital.
A denúncia de internamentos em corredores no Hospital Central de Nampula expõe fragilidades profundas do sistema de saúde que exigem atenção urgente e investimentos substanciais. Enquanto soluções estruturais não se materializam, milhares de pacientes continuam a sofrer condições inadequadas que comprometem recuperação, dignidade e, em última análise, o direito fundamental à saúde.
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